Vampiro é um ser mitológico ou folclórico que sobrevive se
alimentando da essência vital de criaturas vivas, independentemente de ser um
morto-vivo ou uma pessoa viva.
Embora entidades vampíricas tenham sido registradas em
várias culturas, o termo vampiro apenas se tornou popular no início do século
XIX, após um influxo de superstições vampíricas na Europa Ocidental, vindas de
áreas onde lendas sobre vampiros eram frequentes, como os Balcãs e a Europa Oriental,
embora variantes locais sejam também conhecidas por outras designações, como
vrykolakas na Grécia e strigoi na Roménia. Este aumento das superstições
vampíricas na Europa levou a uma histeria colectiva, resultando em alguns casos
na perfuração de cadáveres com estacas e acusações de vampirismo.
Embora mesmo os vampiros do folclore balcânico e da Europa
Oriental possuam um vasto leque de aparências físicas, variando de quase
humanos até corpos em avançado estado de decomposição, foi em 1819, com o
sucesso do romance de John Polidori: The Vampyre, que se estabeleceu o
arquétipo do vampiro carismático e sofisticado; o que pode ser considerado a
mais influente obra sobre vampiros do início do século XIX, inspirando obras
como Varney the Vampire e eventualmente Drácula.
É, no entanto, o romance de 1897 de Bram Stoker, Drácula,
que perdura como a quinta essência da literatura sobre vampiros e que gerou a
base da moderna ficção sobre o tema.
O sucesso deste livro deu origem a um gênero distinto de
vampiro, ainda popular no século XXI, com livros, filmes, jogos de vídeo e
programas de televisão. O vampiro é uma figura de tal modo dominante no gênero
de terror.
Etimologia.
O termo entrou na língua portuguesa no século XVIII por via
do francês vampire, que o tomou do alemão Vampir, que por sua vez o tomou
emprestado no início do século XVIII do sérvio
вампир/vampir, quando Arnold Paole, um suposto vampiro, foi
descrito na Sérvia na época em que esse território estava incorporado no
Império Austríaco. O Houaiss dá ainda como possível origem o húngaro, além do
sérvio, apresentando como formas históricas vampire (c.1784), vampiro (1815) e vampyro
(1857).
Crenças populares.
A noção de vampirismo existe há milênios; culturas como as
da Mesopotâmia, Hebraica, da Grécia Antiga, e a romana continham lendas de
demônios e espíritos que são considerados precursores dos modernos vampiros. No
entanto, apesar da ocorrência de criaturas do tipo dos vampiros nessas civilizações
antigas, o folclore da entidade que conhecemos hoje como vampiro teve origem
quase exclusivamente no sudeste da Europa no início do século XVIII, quando as
tradições orais de muitos grupos étnicos dessa região foram registados e
publicados. Em muitos casos, os vampiros são espectros de seres malignos,
vítimas de suicídio, ou bruxos, mas podem também ser criados quando um espírito
maléfico possui um corpo ou quando se é mordido por um vampiro. A crença em
tais lendas penetrou tanto em algumas regiões que causou histeria colectiva e
até execuções públicas de pessoas que se acreditavam serem vampiros.
Descrição e atributos comuns.
É difícil fazer uma descrição única e final do vampiro da
tradição popular, embora exista uma série de elementos comuns a muitas das
lendas europeias. Os vampiros são muitas vezes descritos como de aparência
inchada, e com uma coloração rósea, púrpura ou escura; estas características
são frequentemente atribuídas a uma recente ingestão de sangue.
Em algumas culturas, os vampiros não possuem reflexo e por
vezes não produzem sombra, possivelmente como manifestação da ausência de alma
no vampiro.
Geração.
As causas da geração de vampiros eram muitas e variadas nas
antigas tradições populares. No folclore eslavo e chinês, qualquer corpo que
fosse acometido por um animal, em particular um cão ou gato, temia-se que se
tivesse tornado num morto-vivo. Um corpo com uma ferida que não houvesse sido
tratada com água a ferver estaria também em risco. No folclore russo, dizia-se
que os vampiros haviam sido em tempos bruxos ou pessoas que se revoltaram
contra a Igreja Ortodoxa Russa quando ainda eram vivas.
Surgiram muitas vezes práticas culturais que tinham por
objectivo impedir que o ente amado recentemente falecido se tornasse num morto-vivo.
Enterrar um corpo de cabeça para baixo era algo muito difundido, assim como a
colocação de objetos terrenos, como gadanhas ou foices, perto da cova, com o
fim de satisfazer qualquer demônio que entrasse no corpo, ou para apaziguar os
mortos por forma a que estes não quisessem levantar-se da tumba. Este método
assemelha-se à prática da Grécia Antiga de colocar uma moeda na boca dos
corpos, para pagar a passagem da barca de Caronte na travessia do Estige, no
submundo.
Esta tradição persistiu no folclore grego moderno dos
vrykolakas, no qual uma cruz de cera e um caco de barro com a inscrição
"Jesus Cristo conquista" eram colocados no corpo por forma a prevenir
que este se tornasse num vampiro. Outros métodos comumente praticados na Europa
incluíam cortar os tendões das pernas ou colocar sementes de papoila, milhetes,
ou areia no chão perto da cova de um suposto vampiro; isto destinava-se a
manter o vampiro ocupado toda a noite contando os grãos, indicando uma
associação entre vampirismo e aritmomania. Narrativas chinesas semelhantes
referem que se um ser vampírico encontra um saco de arroz, sente-se obrigado a
contar todos os grãos; este tema pode ser encontrado igualmente nos mitos do
subcontinente Indiano, assim como nas lendas da América do Sul de bruxaria e
outra espécie de espíritos ou seres malignos ou nefastos.
No folclore albanês, o dhampir é o filho do karkanxholl ou
lugat. Se o karkanxholl dorme com a sua mulher, e esta fica prenhe, a geração é
chamada dhampir e possui a qualidade única de poder identificar o karkanxholl;
daqui deriva a expressão o dhampir conhece o lugat. O lugat não é visível, e pode
apenas ser morto pelo dhampir, o qual ele próprio é habitualmente filho de um
lugat. Em diversas regiões, animais podem voltar a este mundo como lugats; e,
do mesmo modo, pessoas vivas durante o sono. Dhampiraj é também um sobrenome
albanês.
Identificação.
Foram usados muitos rituais elaborados por forma a se
conseguir identificar um vampiro. Um dos métodos de encontrar o túmulo de um
vampiro envolvia levar um rapaz virgem através de um cemitério ou chão de
igreja, montado num garanhão virgem - o cavalo supostamente vacilaria no túmulo
em questão. Geralmente era necessário um cavalo preto, embora na Albânia este
devia ser branco. O aparecimento de buracos na terra que cobrisse um túmulo era
visto como um sinal de vampirismo.
Corpos que se pensavam serem de vampiros eram geralmente
descritos como tendo uma aparência mais saudável que o esperado, roliços e
mostrando poucos ou nenhuns sinais de decomposição. E alguns casos, quando
túmulos suspeitos eram abertos, os habitantes locais chegaram a descrever o corpo
como tendo o sangue fresco de uma vítima espalhado por toda a cara. Os sinais
de que um vampiro estava ativo numa dada localidade incluíam a morte de gado,
ovelhas, parentes ou vizinhos.
Os vampiros da tradição popular podiam também fazer sentir a
sua presença servindo-se em pequena escala de atividades do tipo poltergeist,
tal como atirar pedras aos telhados ou mover objetos do interior das habi
tações , e exercen do pressão sobre pessoas durante o sono.
Proteção.
Apotropia.
Itens com qualidades apotropaicas, capazes de afastar as
almas do outro mundo, são comuns no folclore vampírico. O alho é um exemplo
comum, e ramos de roseira silvestre e pilriteiro têm fama de poder ferir
vampiros, e na Europa diz-se que espalhar sementes de mostarda no telhado das
casas consegue afastá-los. Outros apotropaicos incluem itens sagrados, como
crucifixos, rosários, ou água benta. Diz-se que os vampiros não conseguem pisar
chão sagrado, tal como o das igrejas e templos, ou atravessar água corrente.
Métodos de destruição.
Os métodos de destruição de supostos vampiros variam, sendo
o empalamento o método mais comumente citado, em particular nas culturas
eslavas meridionais. Vampiros em potencial são muitas vezes perfurados com
estacas através do coração, embora na Rússia e Alemanha setentrional o alvo
fosse a boca, e no nordeste da Sérvia o estômago. A perfuração da pele do peito
era um método usado para "esvaziar" o vampiro inchado; isto apresenta
semelhanças com o hábito de enterrar objetos afiados, como foices, junto com os
corpos, de modo a penetrarem a pele se o corpo inchasse o suficiente durante a
transformação em morto-vivo.
A decapitação era o método preferido na Alemanha e regiões
eslavas ocidentais, sendo a cabeça enterrada entre os pés, detrás das nádegas
ou sobre o corpo. Este ato era visto como um modo de apressar a partida da
alma, que se acredita em algumas culturas que ronde o corpo durante algum tempo
após a morte. A cabeça, corpo e roupas do vampiro podem também ser perfurados e
pregados à terra por forma a evitar que se levantem.
Os povo cigano enfia agulhas de aço ou ferro no coração do
corpo e coloca pedaços de aço na boca,sobre os olhos, orelhas, e entre os dedos
na ocasião do funeral. Também colocam pilriteiro na mortalha ou enfiam uma
estaca de pilriteiro através das pernas. Num enterro datado do século XVI perto
de Veneza, um tijolo forçado pela boca de um corpo feminino foi interpretado
como um ritual destinado a matar vampiros pelos arqueólogos que o descobriram
em 2006.
Outros métodos incluíam derramar água a ferver sobre a campa
ou a incineração total do corpo. Nos Balcãs, um vampiro pode ainda ser morto a
tiro ou afogado, repetindo as exéquias, salpicando água benta sobre o corpo, ou
através de um exorcismo. Na Romênia pode ser colocado alho na boca, e em tempos
tão recentes como o século XIX uma bala era disparada através do caixão como
medida de precaução. Em caso de resistência, o corpo era desmembrado e as
partes queimadas, misturadas com água, e dadas a beber aos familiares como
cura. Nas regiões saxônicas da Alemanha, um limão era colocado na boca de
corpos suspeitos de serem vampiros.
Crenças antigas.
Jiang Shi |
Os persas foram uma das primeiras civilizações onde se registam lendas de demônios bebedores de sangue: criaturas tentando beber sangue humano estão representadas em cacos de olaria desenterrados. Na Antiga Babilónia e na Assíria existiam lendas sobre a mítica Lilitu,sinônimo e origem de Lilith(Hebraico לילית ) e as suas filhas, as Lilu, da demonologia hebraica. Lilitu era considerada um demônio e muitas vezes representada alimentando-se do sangue de bebés. Dizia-se que as Estrias, demônios bebedores de sangue e de forma feminina mutável, deambulavam à noite por entre a população, em busca de vítimas. De acordo com o Sefer Hasidim, as Estrias eram criaturas geradas nas horas de crepúsculo que precederam o descanso de Deus. Uma Estria ferida podia ser curada ao comer pão e sal dados pelo seu atacante.
Folclore europeu medieval e posterior.
Muitos dos mitos que rodeiam os vampiros tiveram origem
durante a Idade Média. No século XII os historiadores e cronistas ingleses
Walter Map e William de Newburgh registaram episódios de mortos-vivos, embora
sejam raros os registos de seres vampíricos nas lendas inglesas após esta data.
O norueguês arcaico draugr é outro exemplo de uma criatura morta viva com
semelhanças aos vampiros.
Os vampiros propriamente ditos surgem com a grande
divulgação do folclore da Europa Oriental no final do século XVII e início do
século XVIII. Estas lendas formam a base da tradição vampírica que mais tarde
penetrou na Alemanha e Inglaterra, onde foi posteriormente acrescentada e
popularizada.
Um dos primeiros registos de atividade vampírica ocorreu na
região da Ístria, na atual Croácia, em 1672. Os registos locais referem o
vampiro Giure Grando que habitava nessa região, na aldeia de Khring, perto de
Tinjan, como causa de pânico entre os aldeões. Giure, que fora camponês, morreu
em1656, mas os aldeões locais afirmavam que retornara dos mortos e começara a
beber o sangue das pessoas, e a assediar sexualmente a sua viúva. O chefe da
aldeia ordenou que uma estaca fosse enterrada no seu coração, mas quando este
método não se revelou suficiente para matá-lo, usaram a decapitação com
melhores resultados.
Durante o século XVIII houve um frenesim de avistamentos de
vampiros na Europa Oriental, sendo frequentes os estacamentos e escavações de
sepulturas com o fim de identificar e matar mortos-vivos em potencial até mesmo
funcionários do governo envolveram-se na caça e estacamento de vampiros.
Apesar de vulgarmente chamado de Iluminismo, durante o qual
muitas lendas e mitos populares foram debelados, a crença em vampiros cresceu
dramaticamente nesta época, resultando numa histeria colectiva que afetou a
maioria da Europa.
Outras crenças.
África.
Em diversas regiões de África é possível encontrar lendas e
tradições populares de seres com características vampíricas: Na África
Ocidental o povo Axânti fala de um ser de dentes de ferro que vive nas árvores,
o asanbosam, e os Ewés do adze, que pode tomar a forma de um vaga-lume e caça crianças.
A região do Cabo Oriental tem o impundulu, que pode tomar a forma de um grande
pássaro com garras e é capaz de invocar raios e trovões, e o povo Betsileo de
Madagáscar fala do ramanga, um fora da lei ou vampiro vivente que bebe sangue e
come as aparas das unhas dos nobres.
Em Moçambique existe um mito persistente sobre "dragões
chupa sangue" que atacam a população durante a noite. Já em 1498, quando
Vasco da Gama arribou ao porto de Quelimane, deparou-se com estranhos cultos,
que perduraram até bem dentro do século XVII, de seres sobrenaturais que saiam durante
a noite para se alimentarem do sangue de pessoas e animais, causando-lhes por
vezes a morte.
Américas.
O Loogaroo é uma combinação de crenças, no caso uma mistura
de influências francesas e de Vodu africano, ou voodoo. O termo Loogaroo
possivelmente deriva do francês loup-garou, que significa "lobisomem",
e é comum na cultura das Ilhas Maurícias. No entanto, as histórias sobre o
Loogaroo estão difundidas pelas ilhas do Caribe e pela Luisiana, nos Estados
Unidos.
A Soucouyant da Trinidad, e a Tunda e Patasola do folclore
Colombiano, são monstros femininos de tradição semelhante, enquanto que os
Mapuches do Chile meridional têm a cobra sugadora de sangue conhecida como
Peuchen.
A mitologia asteca possui lendas sobre os Cihuateteo,
espíritos com cara de esqueleto pertencentes àqueles que morreram à nascença,
que raptavam crianças e tinham relações sexuais com os vivos, levando-os à
loucura.
Ásia.
O Bhūta ou Prét é a alma de um homem que morreu de morte
apressada. Esta vagueia pelas redondezas animando cadáveres à noite, e atacando
os vivos, muito ao modo do ghoul. No norte da Índia existe o Brahmarāk Şhasa,
uma criatura vampírica com a cabeça rodeada por intestinos e uma caveira, de
onde bebe sangue.
A figura do Vetāla, presente nas lendas da Ásia Meridional,
pode por vezes ser descrita como "vampiro". Embora os vampiros
marquem presença no cinema japonês desde o final dos anos 1950, o folclore que
lhes está associado tem origem ocidental. No entanto, o Nukekubi, presente na
cultura japonesa, é um ser cuja cabeça e pescoço separam-se do corpo para voar
em redor em busca de presas humanas durante a noite. Lendas de seres femininos
semelhantes a vampiros que são capazes de separar partes superiores do seu
corpo também ocorrem nas Filipinas, Malásia e Indonésia.
Existem dois tipos principais de criaturas vampíricas nas
Filipinas: o mandurugo ("chupador de sangue") do povo Tagalog, e o
manananggal ("auto segmentador") dos Visayan. O mandurugo é uma variedade
de aswang que toma a forma de uma atraente jovem durante o dia, e à noite ganha
asas e uma longa e oca língua semelhante a um fio. A língua é usada para chupar
o sangue das vítimas durante o sono. O manananggal é descrito como uma bela
mulher mais velha que o mandurugo, capaz de cortar a parte superior do seu
torso de modo a voar durante a noite com enormes asas semelhantes às dos
morcegos, depredando mulheres grávidas durante o sono em suas casas sem que
estas se apercebam. Usa uma língua alongada em forma de tromba para sugar os
fetos dessas mulheres grávidas. Também gostam de comer as entranhas (em
especial o coração e o fígado) e a fleuma de pessoas doentes.
O Penanggalan malaio pode ser uma bela mulher tanto velha
como nova que obteve a sua beleza através do uso ativo de magia negra ou outros
meios sobrenaturais, e geralmente descrita no folclore local como sendo de
natureza sombria ou demoníaca. Esta consegue separar a cabeça com as suas presas
aguçadas, a qual esvoaça pelas redondezas durante a noite em busca de sangue,
tipicamente de mulheres grávidas.
O Leyak é um ser semelhante do folclore balinês. Um
Kuntilanak ou Matianak na Indonésia, ou Pontianak ou Langsuir na Malásia, é uma
mulher que morreu durante a infância e tornou-se morta viva, em busca de
vingança e aterrorizando as aldeias. Toma a forma de uma atraente mulher com longo
cabelo preto que esconde um buraco na parte posterior do pescoço, o qual usa
para sugar o sangue das crianças.
Jiang Shi (chinês tradicional: 僵 屍 or 殭 屍
, chinês simplificado: 僵 尸
, pinyin: jiāngshī; literalmente "cadáver rígido"), muitas vezes
chamados de "vampiros chineses" pelos ocidentais, são cadáveres reanimados
que vagueiam pelas redondezas, matando criaturas vivas para lhes extrair a
essência vital (qì). Dizem-se que são criados quando a alma de alguém (魄
pò) não consegue abandonar o corpo do defunto. No entanto, há quem coloque em
causa a comparação entre jiang shi e vampiros, uma vez que osjiang shi são
geralmente criaturas irracionais sem vontade própria.
Casos de Vampiros.
Apesar da descrença geral em entidades vampíricas, têm sido
registados avistamentos ocasionais de vampiros. De fato, ainda existem
associações dedicadas à caça ao vampiro, embora tenham sido formadas largamente
por motivos sociais.
No início de 1970, a imprensa local propagou rumores sobre
um vampiro que assombrava o cemitério londrino de Highgate. Caçadores de vampiros
amadores afluíram em largos números ao cemitério, e foram escritos muitos
livros sobre o caso, notavelmente por Sean Manchester, um habitante local que esteve
entre os primeiros a sugerir a existência do "Vampiro de Highgate", e
que mais tarde afirmou ter exorcizado e destruído todo um ninho de vampiros
naquela área.
No Outono de 1977 foi registado em Belém do Pará, no Brasil,
o que foi descrito como uma estranha praga de vampirismo, envolvendo um
"vampiro luminoso" que teria ocasionado a morte de algumas pessoas
por perda de sangue, e ferimentos em várias outras.
Um dos mais notáveis casos de entidades vampíricas da era
moderna, o chupacabra de Porto Rico e do México, é descrito como sendo uma
criatura que se alimenta da carne e bebe o sangue de animais domésticos,
levando a que alguns o considerem um tipo de vampiro. A "histeria do chupa
cabra" tem sido frequentemente associada a profundas crises econômicas e
políticas, em particular em meados dos anos 1990.
Impundulu |
Subculturas vampíricas modernas.
O estilo de vida vampírico é um termo usado para definir uma
subcultura contemporânea, largamente inserida na subcultura Gótica, na qual se
consome o sangue dos outros como passatempo; inspirada pela fértil história
recente da cultura popular relacionada ao simbolismo dos cultos, aos filmes de
terror, às obras de ficção de Anne Rice, e aos estilos da Inglaterra vitoriana.
Manifestações ativas de vampirismo real dentro das subculturas vampíricas
incluem tanto vampirismo relacionado com sangue, geralmente referido como
vampirismo sanguíneo, e vampirismo psíquico, ou o suposto ato de se alimentar
de energia pranica.
Morcegos-vampiros.
Embora muitas culturas tenham lendas sobre os morcegos-vampiros,
apenas recentemente estes se tornaram parte integrante das tradições populares
sobre vampiros, quando foram descobertos na América do Sul continental no
século XVI. Embora não existam morcegos vampiros na Europa, os morcegos
noturnos e corujas há muito que são associados com presságios e o sobrenatural,
embora isso se deva fundamentalmente aos seus hábitos noturnos, e na tradição
heráldica inglesa moderna o morcego significa "estar ciente dos poderes
das trevas e do caos".
Todas as três espécies de verdadeiros morcegos-vampiros são
endémicas da América Latina, e não há nenhuma evidência que sugira que alguma
vez tenham tido parentes no Velho Mundo tanto quanto a memória humana conseguiu
registar. Por este motivo é impossível que o vampiro da tradição popular represente
uma versão distorcida ou memória longínqua do morcego-vampiro. Estes morcegos
foram nomeados deste modo devido ao vampiro folclórico
Embora a dentada do morcego-vampiro não seja geralmente
perigosa para o ser humano, estes morcegos têm sido conhecidos por se
alimentarem ativamente de sangue humano, e presas de grande porte como gado,
deixando muitas vezes a sua imagem de marca na pele da vítima, a marca de dentada
de dois dentes afiados.
Na ficção moderna.
O vampiro tem hoje lugar cativo na ficção popular. Esta
ficção teve início na poesia do século XVIII, continuando depois nos contos do
século XIX o primeiro e mais influente dos quais foi The Vampyre (1819), de
John Polidori, apresentando o vampiro Lord Ruthven. As façanhas de Lord Ruthven
foram continuadas numa série de peças de teatro sobre vampiros, nas quais era o
anti-herói. O tema do vampiro continuou uma série de publicações literárias de
terror conhecidas por penny dreadful, como Varney the Vampire (1847),
culminando com o romance de vampiros mais proeminente de sempre:
Drácula de Bram Stoker, publicado em 1897. Na ficção
moderna, o vampiro tende a ser representado como um vilão delicado e
carismático. Ao longo do tempo, alguns atributos hoje vistos como parte integrante
do vampiro, foram sendo incorporados no seu perfil: os dentes pontiagudos e a vulnerabilidade
à luz solar surgiram durante o século XIX, com Varney o Vampiro e o Conde
Drácula apresentando ambos dentes proeminentes, e Nosferatu, Eine Symphonie des
Grauens (1922), de Murnau, temendo a luz do dia. A capa surgiu em produções
teatrais dos anos 1920, acrescentada de uma gola alta pelo dramaturgo Hamilton
Deane por forma a ajudar Drácula a 'desaparecer' em cena.
Lord Ruthven e Varney eram capazes de curar-se usando o
luar, embora não exista qualquer menção a essa característica nas tradições
populares sobre vampiros. A imortalidade, implícita embora não explicitamente
documentada no folclore vampírico, é uma característica com forte presença no
cinema e literatura sobre vampiros, com constantes alusões ao preço da vida
eterna, nomeadamente a necessidade incessante pelo sangue daqueles de quem já
foi um igual.
Na cultura popular.
No Brasil o vampiro marcou presença nos anos 1970 na
literatura de banda desenhada com o personagem Zé Vampir de Mauricio de Sousa.
Mais recentemente, em 2000, o escritor brasileiro André Vianco produziu uma
série de histórias de vampiros de sucesso, como Os Sete, Sétimo e O Vampiro
Rei.
Considerada uma das figuras proeminentes do cinema clássico
de terror, o vampiro demonstrou ser uma proveitosa fonte de inspiração para as
indústrias cinematográfica e dos jogos de vídeo. Entre estes se incluem o
emblemático filme mudo alemão de 1922 Nosferatu, Eine Symphonie des Grauens, realizado
por F. W. Murnau e apresentando a primeira representação cinematográfica de
Drácula - embora os nomes e personagens imitavam intencionalmente os de
Drácula, Murnau não conseguiu obter permissão da viúva de Stoker para o fazer,
e foi obrigado a alterar muitos aspectos do filme.
Além deste filme houve ainda Dracula (1931), da Universal,
com Béla Lugosi no papel do Conde, no que foi o primeiro filme sonoro
representando Drácula. Nesta década surgiram muitos outros filmes de vampiros,
sendo o mais notável A Filha de Drácula em 1936.
A lenda do vampiro cimentou-se na indústria cinematográfica
quando Drácula reencarnou para olhos de uma nova geração com a celebrada série
de filmes de terror Hammer Horror, com Christopher Lee protagonizando o Conde.
O sucesso do filme de 1958 Dracula. Lee retornou como Drácula em todas excepto
duas, ficando bem conhecido por esse papel. Na década de 1970 os vampiros diversificaram-se
no cinema, com trabalhos como Count Yorga, Vampire (1970), um conde africano,
no filme de 1972 Blacula, a produção da BBC Conde Drácula, com o ator francês
Louis Jourdan como Drácula e Frank
Finlay no papel de Abraham Van Helsing, e um vampiro ao
estilo de Nosferatu na mini série televisiva de 1979 Salem's Lot, e uma
reedição do próprio Nosferatu, intitulada Nosferatu: Fanthom der Nacht com
Klaus Kinski, no mesmo ano. Muitos filmes apresentaram vampiros femininos como
antagonistas, muitas vezes lésbicos, como em The Vampire Lovers da série Hammer
Horror, produzido em 1970 e baseado em Carmilla, embora o argumento ainda gire
em torno de um vampiro maléfico como personagem central.
Filmes posteriores mostraram uma maior diversidade de
argumentos, tendo alguns se focado no caçador de vampiros, como Blade na série
de filmes da Marvel Comics, e o filme Buffy the Vampire Slayer. Buffy, estreado
em 1992, pressagiou a presença vampírica na televisão, com uma adaptação para a
série de sucesso do mesmo nome, e do seu spin-off Angel. Outros ainda
apresentaram o vampiro como protagonista, como o filme de 1983 The Hunger, em
1994 Entrevista com o Vampiro e a que pode ser considerada uma sua sequela
indireta, rainha dos Condenados, e a série de 2007 Moonlight. Drácula de Bram
Stoker foi um notável filme de 1992, tornando-se o filme de vampiros mais
repulsivo até então produzido. Este aumento de interesse em argumentos
vampíricos levou à representação do vampiro em filmes como Underworld e Van
Helsing, e o filme russo Night Watch e da reedição da mini série televisiva
'Salem's Lot, ambos de 2004. A série Blood Tiesestreou na Lifetime Television
em 2007, apresentando um personagem representado como Henry Fitzroy, filho ilegítimo
do rei Henrique VIII de Inglaterra tornado vampiro, na Toronto atual, com uma
ex-detective de Toronto como protagonista. A série de 2008 da HBO, intitulada
True Blood, usa uma aproximação sulista ao tema vampírico. Outro programa
popular sobre vampiros é The Vampire Diaries da CW. A continuada popularidade
do vampiro foi atribuída a dois factores: a representação da sexualidade e o medo
perpétuo da mortalidade.
A Rede Globo, no Brasil, exibiu duas telenovelas abordando o
tema: Vamp em 1991, e O Beijo do Vampiro em 2002. Na novela Caminhos do Coração
da Rede Record um dos personagens é um vampiro.
Em Portugal surgiram em 2010 duas séries televisivas sobre
vampiros: Lua Vermelha, da SIC, em formato de série juvenil e em 2011 em
exibição, e Destino Imortal, uma mini série de seis episódios da TVI.
A imensa popularidade da plataforma Apple iOS como plataforma
de jogos levou à adoção de jogos como Vampire Rush pela audiência de jogadores
ocasionais. O jogo de role-playingVampire: the Masquerade teve grande
influência sobre a ficção vampírica moderna e elementos da sua terminologia,
como embrace e sire, passaram a ser largamente usados. entre os jogos de vídeo
sobre vampiros mais populares se contam Castlevania, uma extensão do romance
original de Bram Stoker Drácula, e Legacy of Kain. Os vampiros aparecem ainda
esporadicamente em outros jogos, incluindo The Elder Scrolls V: Skyrim, onde,
através de combate com um Vampiro, os jogadores podem contrair a doença
vampírica: “Sanguinare Vampiris". uma aproximação diferente aos tema
vampírico ocorre em num outro jogo da Bethesda, Fallout 3, com "The
Family". Aqui são representados como alguém que sofre de desejos canibais,
mas contentou-se com o sangue de modo a não se afundar numa insanidade mental
ainda maior.
Retirado do site: http://pt.wikipedia.org/wiki/Vampiro
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